Acidente Radiológico com Césio-137 (1987)

Contexto e Descrição do Acidente

O acidente radiológico com césio-137, ocorrido em Goiânia em setembro de 1987, é considerado um dos piores desastres nucleares do mundo. Este evento trágico teve um impacto profundo na saúde pública, na segurança nuclear e na percepção da radiação no Brasil e no mundo.

Como Aconteceu

O acidente teve início quando dois catadores de sucata, Roberto dos Santos e Wagner Mota Pereira, encontraram um aparelho de radioterapia abandonado nas ruínas do Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), que havia sido desativado. Sem conhecimento do perigo, eles desmontaram o aparelho e venderam as peças para um ferro-velho local, pertencente a Devair Alves Ferreira.

Dentro do aparelho, havia uma cápsula contendo cloreto de césio-137, um material altamente radioativo. A cápsula foi aberta, liberando um pó azul brilhante que chamou a atenção de Devair e de outras pessoas. Fascinados pelo brilho, eles manusearam o material, levando-o para suas casas e distribuindo-o entre amigos e familiares, sem saber dos riscos.

 Consequências Imediatas

A exposição ao césio-137 causou sintomas graves de contaminação por radiação em várias pessoas. Os primeiros sinais incluíram náuseas, vômitos, diarreia e queimaduras na pele. À medida que os sintomas se agravavam, as autoridades de saúde começaram a investigar a causa.

Foi somente em 29 de setembro de 1987, quase duas semanas após a exposição inicial, que a contaminação radioativa foi identificada. As autoridades isolaram as áreas afetadas e iniciaram um processo de descontaminação. Cerca de 112 mil pessoas foram examinadas para detectar possíveis contaminações, e aproximadamente 249 pessoas foram identificadas como contaminadas.

Vítimas e Impacto na Saúde

O acidente resultou em quatro mortes confirmadas devido à exposição aguda à radiação:

1. **Leide das Neves Ferreira:** Uma menina de seis anos, filha de Devair Alves Ferreira, que manuseou o pó de césio-137 e sofreu queimaduras graves.

2. **Israel Baptista dos Santos:** Um trabalhador que teve contato direto com o material radioativo.

3. **Admilson Alves de Souza:** Um funcionário do ferro-velho que também manuseou o césio-137.

4. **Maria Gabriela Ferreira:** Esposa de Devair Alves Ferreira, que foi exposta ao material radioativo em sua casa.

Além das mortes, muitas outras pessoas sofreram efeitos a longo prazo, incluindo problemas de saúde crônicos e psicológicos.

Descontaminação e Medidas de Segurança

A descontaminação das áreas afetadas envolveu a remoção de toneladas de solo, objetos e estruturas contaminadas. Casas foram demolidas, e os resíduos radioativos foram armazenados em contêineres especiais para disposição segura.

O acidente levou a uma revisão das políticas de segurança nuclear no Brasil. Novas regulamentações foram implementadas para garantir o armazenamento e o descarte seguro de materiais radioativos. Além disso, campanhas de conscientização sobre os perigos da radiação foram realizadas para educar a população.

Legado e Memória

O acidente com césio-137 deixou um legado duradouro em Goiânia. Monumentos e memoriais foram erguidos em homenagem às vítimas, e a data do acidente é lembrada anualmente para conscientizar sobre a importância da segurança nuclear.

Conclusão O acidente radiológico com césio-137 em Goiânia foi um evento trágico que destacou a necessidade de rigorosas medidas de segurança no manuseio de materiais radioativos. As lições aprendidas com este desastre continuam a influenciar as práticas de segurança nuclear e a conscientização pública sobre os riscos da radiação.

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